Aristides Athayde Cordeiro

Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1957; Especialista em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP), em 1982; Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1994

Nascimento: Curitiba (PR), 26 de janeiro de 1933
Falecimento: Curitiba (PR), 24 de novembro de 2022
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR)

Aristides Athayde Cordeiro seguiu os passos do pai, Gastão Pereira Cordeiro, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1928. O General Gastão, renomado na Engenharia do Exército, deixou um legado de ética profissional e respeito ao próximo. Inspirado pelos valores do progenitor, Aristides construiu uma carreira exemplar, contribuindo significativamente para a formação de novos profissionais e o aprimoramento do ensino da Engenharia no Brasil.

Ao longo de 65 anos de profissão, Aristides estabeleceu carreira nos ramos da construção civil, da docência e do associativismo. Iniciou a jornada profissional na Empreendimentos Labor S.A., como engenheiro responsável por executar a construção de agências do Banco Bamerindus em várias cidades do interior do Paraná e em Curitiba, entre elas, a famosa agência Avenida, situada no edifício de mesmo nome, erguido em 1962. Na construtora, exerceu ainda os cargos de diretor técnico e superintendente.

Como construtor, superou desafios ao erguer edificações sobre rochas, fixar mármore em pilares e também inovou ao usar formas de madeira de uma laje como acabamento definitivo. Baseado em princípios de inovação, projetou e construiu a casa de sua filha como protótipo de construção moderna. Era assim que ele se destacava: por sua habilidade artística, seu conhecimento sobre materiais e primor no refinamento das obras.

Exemplar nos estudos, Aristides deixou uma marca indelével na área acadêmica. Formado pelo Colégio Santa Maria, onde obteve nota 10 em todas as disciplinas na educação básica, foi agraciado com medalhas do mérito pelos colegas de classe. Concluiu a graduação, em 1957, na Escola de Engenharia do Paraná e, mais tarde, voltou à instituição como professor voluntário a convite do engenheiro civil Rubens Meister, sua segunda inspiração profissional. Meister tinha sido acolhido por seu pai, General Gastão Pereira Cordeiro, para trabalhar no projeto do Teatro Guaíra de Curitiba. Aristides, por sua vez, foi efetivado como professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1975, para ministrar disciplinas do curso de Engenharia Civil, como Materiais de Construção Civil, além de Legislação e Prática Profissional, matéria criada por ele. Ainda nos anos 1970, atuou como professor assistente da disciplina Materiais e Detalhes Técnicos das Construções na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), nos cinco primeiros anos da implantação do curso de Arquitetura e Urbanismo.

Comprometido com o aprimoramento do ensino, Aristides defendia a inovação tecnológica e a atualização do currículo do curso de Engenharia Civil. Essa foi a bandeira que ele levantou na UFPR, ao ocupar os cargos de chefe do Departamento de Construção Civil, diretor do Setor de Tecnologia, coordenador do Programa Institucional de Capacitação Docente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pró-reitor de pós-graduação.

Essa causa ganhou força quando, nos anos 1980, Aristides assumiu uma cadeira no plenário do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), onde chegou a ocupar o posto de vice-presidente. Em 1985, foi eleito para representar as escolas de Engenharia no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Essa missão foi vista por ele como oportunidade para batalhar pelo aperfeiçoamento da profissão de engenheiro, atribuição que ele assumiu com empenho e retidão, suas maiores qualidades.
Paralelamente, desenvolveu seu trabalho em defesa da modernização da Engenharia nas entidades de classe. No Instituto de Engenharia do Paraná, no qual integrou o Conselho Consultivo, participou de debates com universidades e o Ministério da Educação para analisar a formação de engenheiros, a inserção desses profissionais no mercado de trabalho, a responsabilidade perante a sociedade, a exclusividade do exercício de atividades regulamentadas e as funções da fiscalização do exercício profissional.

Ainda no associativismo, Aristides foi vice-presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), diretor da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), conselheiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná (Senai-PR), do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná (Concitec) e do Conselho Fiscal da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), onde também foi secretário da Comissão Técnica de Materiais.

Expressiva também foi sua atuação como diretor no Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR). Na entidade, foi ainda consultor por 17 anos, até 2003, período em que publicou dezenas de trabalhos no Boletim da Construção, editado pelo sindicato. Aristides assinava também artigos sobre Engenharia, Arquitetura e Educação na revista Engenharia & Construção, de Curitiba. Foram 11 anos de contribuição em todos os números daquele mensário até o final da circulação em 2007.
Sua produção intelectual rendeu mais de 120 artigos sobre relevantes temas, como “Novos métodos construtivos”, “Precursor da Engenharia moderna”, “A reformulação do ensino da Engenharia” e “Algoritmo para cálculo de rampas”, os quais foram reunidos na publicação intitulada Projeto Básico, organizada pelo autor e revisada em 2020, durante o isolamento social devido à pandemia da covid-19.

O compromisso com a inovação e o aperfeiçoamento da profissão de engenheiro resume a sólida carreira de Aristides na construção civil, no ensino e no associativismo. Seu legado é perpetuado por meio das inúmeras obras que supervisionou, das mentes que inspirou nas salas de aula e das políticas de melhoria que defendeu incansavelmente em prol da modernização e ética na profissão. Aristides Athayde Cordeiro, filho, esposo, pai, avô e bisavô é lembrado ainda por sua bondade, generosidade e capacidade de amar incondicionalmente.