Amapá sedia segunda reunião anual do Colégio de Presidentes do Sistema Confea/Crea

Macapá (AP), 25.04.2005

Presidentes de Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de todo país estiveram reunidos em Macapá, dias 18 e 19 de abril, para a 2ª Reunião Ordinária do Colégio de Presidentes do Sistema Confea/Crea. O encontro aconteceu no auditório do CETA Ecotel.
 
Ao abrir os trabalhos do Colégio de Presidentes, o presidente do Confea, eng. Wilson Lang enfatizou o compromisso com a sustentabilidade do Sistema. “Precisamos confrontar a realidade local com a realidade nacional”, salientou. Lang também defendeu uma participação maior dos Creas de todo país na vida social de cada região. “A discussão do Plano Diretor Participativo entre prefeituras, Creas e sociedade civil pode ser um bom começo para que essa aproximação aconteça”.
   
A movimentação em torno do encontro começou com a reunião do Grupo de Trabalho (GT) do Meio Ambiente que discutiu sobre temas que estão na ordem do dia da ecologia mundial, como o Protocolo de Kyoto, que trata da emissão de gases poluentes na atmosfera e os créditos de carbono. As propostas do GT do Meio Ambiente foram apresentadas no segundo dia de reunião do Colégio de Presidentes.

O presidente do Crea-MG, engenheiro civil Marcos Túlio de Melo, lembrou que existe um fundo de dois bilhões de dólares ONU disponível para investimentos em projetos de créditos de carbono. “Cerca de vinte e quatro dos projetos que estão pleiteando recursos desse fundo são brasileiros”, informou. Marcos Túlio fez questão de ressaltar também que as duas empresas habilitadas a efetuar auditorias visando a certificação dos projetos analisados são estrangeiras. “Talvez essa seja a maior dificuldades para que as empresas brasileiras obtenham recursos do fundo”, arrematou.
 
A convite do presidente do Crea-RJ, engenheiro eletricista Reynaldo Barros, o Técnico em Agropecuária, Gilmar Pereira, gerente de Relações Institucionais da Petrobras, apresentou um pequeno documentário sobre as atividades que a companhia vem desenvolvendo em todo país. Reynaldo também relatou um case de sucesso que vem sendo implementado entre o Crea-RJ e a Petrobras, em que a empresa se compromete a enviar regularmente a relação dos profissionais da área tecnológica pertencentes ao quadro de funcionários para atualização do registro junto ao Conselho.

Outra proposta feita pelo representante da Petrobras foi a emissão de um boleto único para pagamento das anuidades de todos os profissionais da companhia já registrados no Crea-RJ. Segundo Gilmar, o objetivo da Petrobras é estender essa parceria a todos os Creas, incluindo o eventual apoio em outras iniciativas dos regionais. Nos próximos meses, a empresa pretende realizar uma vídeo-conferência envolvendo todos os Conselhos Regionais, com o objetivo de discutir de maneira mais abrangente as condições dessa parceria.

O Crea-RJ também criou o Selo de Responsabilidade Social, que este ano premiou a Nuclep, empresa que produz insumos para a indústria nuclear. “Razão social toda empresa tem. Responsabilidade social, só as melhores”, sentenciou Reynaldo Barros. De acordo com o presidente do Confea, Wilson Lang, o case do Crea-RJ com a Petrobras demonstra como uma abordagem apropriada da fiscalização na área industrial pode trazer bons resultados.

Cases - O Crea-AM também apresentou um case de sucesso na área da fiscalizacão, resultado de uma parceria com a Philips do Amazonas, que consiste na doação de equipamentos GPS, monitores de computador e palm tops para que os fiscais possam mapear a regiao metropolitana de maneira mais eficiente. Segundo o presidente do Crea-AM, engenheiro civil Afonso Lins a parceria com a Philips permitirá que se atualize todos os procedimentos de fiscalizacão. “Com isso, além de racionalizarmos toda estrutura operacional de fiscalização, estaremos driblando as dificuldades na realização do planejamento espacial da grande Manaus e dando respostas em tempo real aos nossos usuários”, comemorou Lins.

Para o presidente do Crea-AP, engenheiro civil Luciano Sotelo, o geoprocessamento é o sonho de consumo de todos os Conselhos, principalmente aqueles de menor porte. “Estamos torcendo para que esta inovação chegue o quanto antes por aqui”, pontuou.

Fiscalização - A fiscalização dos Creas ocupou parte significativa dos debates. O presidente do Crea-BA, engenheiro Marco Amigo, defendeu a uniformização dos procedimentos em todos os Creas. A maioria do presidente, porém, se colocou contra os argumentos apresentados por Amigo. Avaliam que alguns conselhos, como os da região  Norte, por exemplo, com exceção do Pará, ainda não possuem recursos suficientes para investimentos nessa área.

As instituições de ensino superior e médio também estiveram na berlinda durante os dois dias do encontro. Todos os presidentes foram unânimes em afirmar que já é hora do Confea e dos Creas adotarem uma posição mais rígida na ficalização dos cursos da área tecnológica mantidos por algumas instituições. Para ilustrar o debate, o presidente do Crea-AM, Afonso Lins, citou o caso do gasoduto Urucum, que ligará os estados de Roraima e do Amazonas, cujo projeto foi elaborado pela Universidade de Roraima sem que o Regional tomasse qualquer conhecimento. “Casos como esse depõem contra a imagem corporativa do Sistema”, ponderou.

Outra questão levantada relacionada às instituições de ensino, diz respeito à necessidade de se fiscalizar os cursos que anualmente formam milhares de pessoas em todo país, com titulações não reconhecidas pelo Sistema Confea/Crea. É o caso do curso de Engenharia de Controle e Automação, também intitulado Mecatrônica, que por sua vez não possui atribuição específica dada pelo Sistema. Vários presidentes defenderam uma posição mais enérgica do Confea e dos Creas nessa questao, inclusive com gestões junto ao Ministério da Educação. “É preciso que o MEC oriente as instituições de ensino superior e médio no sentido de que registrem os cursos da área tecnológica nos Conselhos Regionais, dentro das atribuições existentes no Sistema”, sentenciou o presidente do Confea, Wilson Lang.  Por outro lado, Lang reconhece que a fiscalização das instituições de ensino precisa estar centrada no diálogo. “O tempo da fiscalização não-presencial, punitiva e auditora ficou no passado”, observou.

Temas - Entre outros temas discutidos durante a reunião destacaram-se também os projetos de Acessibilidade Urbana. Segundo o presidente do Crea-PA, engenheiro Antonio Albério, a acessibilidade urbana é um imperativo social. O assunto é levado tão a sério pelo Conselho, que em junho Belém sediará o I Seminário de Acessibilidade Urbana. “Não podemos esquecer que o Brasil possui mais de 16 milhões de pessoas com algum tipo de limitação física e que as cidades, principalmente as metrópoles, não podem continuar ignorando esse fato”, afirmou.  O presidente do Crea-AP, engenheiro civil Luciano Sotelo, foi taxativo ao dizer que  Acessibilidade Urbana é assunto recorrente no Conselho.

Na oportunidade, o presidente do Confea anunciou a estréia, dia 1º de maio, na TV Record, do programa Cenários Brasil Confea/Creas. O programa terá duração de 15 minutos e irá ao ar duas vezes ao mês, sempre a partir do meio-dia. O primeiro será dedicado ao Dia do Trabalho, enfocando as atividades desenvolvidas pelas entidades corporativas no Brasil. O segundo abordará o Palno Diretor Participativo, que vem sendo implementado em várias capitais.

Projeto SIC – Um dos temas mais aguardados da pauta de debates da reunião foi o Sistema de Informacoes Confea/Crea – o projeto SIC. Aprovado pelo Plenário do Confea em dezembro de 2004, o SIC já foi implantado seis conselhos regionais. De acordo com o relatário divulgado pela Gerência de Tecnologia da Informação (GTI) do Confea, 13 Creas (AL, BA, CE, ES, MG, MS, MT, PA, PB, RN, RO, RS e SC) finalizaram todas as etapas necessárias à implantacao do projeto SIC. Desses, sete (AL, BA, ES, PA, RO, RS e SC) estão com o sistema implantado e seis prontos para iniciar a implantação. O Crea-RS é o que está mais adiantado, com pouco mais de 1.100 registros efetuados. Por outro lado, existem 14 Creas que ainda não concluíram todas etapas. A próxima etapa do processo será a assinatura de um convênio entre o Confea e os Creas, visando a instalação do sistema em todos os Regionais.

Participaram de mesa diretora dos tranbalhos o presidente do Confea, Eng. Civil Wilson Lang; Elequicina Maria dos Santos, presidente do Crea-RN e coordenadora do Colégio de Presidentes; Henrique Luduvice, presidente da Mútua; engenheiro Paulo Sergio, Secretario Estadual de Transportes e representante do Governo do Estado; deputado Jorge Amanajas, presidente da Assembléia Legislativa do Amapá e Jonas Gamachi, Secretario de Transportes do Município.

A próxima reunião do Colégio de Presidentes acontecerá no Rio de Janeiro,  em junho.

Adilson Poltroniere
ACOM-AP