Abel Tenório Cavalcante

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Geólogo graduado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1961; Especialista em Mineralogia e Petrografia pela UFPE, em 1973; Mestre em Geociências pela UFPE, em 1975; Especialista em Administração Universitária pelo Instituto de Gestion y Liderazgo Universitario (Canadá), em 1994

Nascimento: Quebrangulo (AL), 8 de janeiro de 1935
Falecimento: Maceió (AL), 14 de junho de 2021
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL)

Abel era um homem à frente de seu tempo. Tratava seus filhos com equidade, independentemente do gênero, e compartilhava as despesas da casa com sua esposa, uma psicóloga que trabalhava na Assembleia Legislativa do estado. Já alertava sobre cinto de segurança muito antes de sua obrigatoriedade e não deixava ninguém em seu carro jogar lixo pelas janelas em um tempo em que isso não era visto como um problema. “Seu carro parecia um chiqueiro, porque ficava tudo lá”, recorda-se o filho mais velho, Eraldo. Abel já pensava em meio ambiente há muito mais de cinquenta anos, conforme conta o entrevistado.

Bisavô, avô e pai de quatro filhos – Eraldo, Eliane, Abel e Eleuza –, o geólogo Abel Tenório Cavalcante nasceu no pequeno município alagoano de Quebrangulo, na divisa com Pernambuco, e se formou na primeira turma de Geologia do Brasil, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), composta predominantemente por professores russos. Casado com Elaine Bastos Tenório, Abel tinha como principais valores a honestidade e a disciplina. Alimentava-se de maneira consciente, fazia caminhadas regulares e não se envaidecia com homenagens e cargos. “Ele achava que tudo era muito natural, que não estava fazendo mais do que seu trabalho, seu dever”, conta o primogênito.

Além de especialização e mestrado pela UFPE, Abel se especializou em administração universitária no Canadá e chegou a atuar como professor convidado na Technische Universität Berlin, na Alemanha. “O governo da Alemanha chegou a convidá-lo para fazer um trabalho com poços artesianos lá”, comenta Eraldo. Foi diretor da Companhia de Desenvolvimento de Alagoas (Codeal), foi consultor da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), e de diversas construtoras, prestando relevantes serviços a vários municípios alagoanos.

No entanto, sua verdadeira paixão estava na sala de aula. Abel dedicou 40 anos de sua trajetória aos alunos, e chegou inclusive a ser reitor da Universidade Federal de Alagoas por três anos. “Mas ele não gostava muito dessa parte, porque era bastante política, quando ele era mais técnico”, conta Eraldo, que chegou a ser aluno de Abel. “Ele era um professor bem tranquilo, gostava de fazer pegadinha com a turma. Uma vez, ele deixou uma prova do dia seguinte na mesa, aí eu cheguei com os colegas, peguei para resolver as questões e fazer as colas. No outro dia, ele entregou outra prova e começou a rir. Nossa, que danado! Era uma matéria difícil, mas o pessoal era reprovado e ainda assim ficava amigo dele”.

Ao longo de sua trajetória profissional, Abel realizou pesquisas que orientaram a perfuração de poços que ampliaram a capacidade de captação e distribuição de água no estado de Alagoas. Ele foi um verdadeiro pioneiro em sua área. Colegas de trabalho ressaltam sua generosidade e espírito de colaboração e compartilhamento, além de emitir sempre análises rigorosas, evitando conclusões simplistas e apressadas sobre temas complexos, como foi o caso de subsidência do bairro do Pinheiro, em Maceió.

Talvez Abel compreendesse que, quando comparada aos milhões ou até bilhões de anos do tempo geológico, a vida de um pesquisador, mesmo chegando aos 86 anos, era sucinta. Quem sabe fosse por isso que ele acreditava ser fundamental manter a humildade.