Nos últimos 18 meses, Campo Grande viu renascer uma de suas principais vias: a Rua 14 de Julho. Após 1,5 ano de obras, na última sexta-feira a nova via – agora considerada um shopping a céu aberto - foi inaugurada. Já nesta semana, a capital sul-mato-grossense recebe a 6ª Reunião Ordinária do Colégio de Presidentes do Sistema Confea/Crea e Mútua – a última de 2019 -, oportunidade em que o prefeito da cidade, Marquinhos Trad (PSD), apresentou os bastidores do projeto.

Veja o álbum de fotos da 6ª Reunião do Colégio de Presidentes

Após dar as boas-vindas aos participantes da reunião, Trad comentou sobre a decisão de se fazer a obra na Rua 14 de Julho: “tivemos de pensar em soluções de como fazer a obra, em 1,4 quilômetro de extensão, sem precisar fechar o comércio. Foi como fazer cirurgia sem anestesia. Hoje, a Rua 14 de Julho recuperou a autoestima da cidade. O centro estava indo a óbito lentamente”, disse. Em seguida, colocou-se à disposição de todos os dirigentes dos Creas e passou a palavra à diretora-executiva de planejamento e gestão estratégica da Prefeitura de Campo Grande, Catiana Sabadin.

De acordo com a diretora, que esteve à frente dos trabalhos, o maior desafio do projeto foi fazer o enfrentamento ao carro: a “nova 14 de Julho”, por exemplo, perdeu faixas de estacionamento para ter suas calçadas ampliadas. “Trabalhamos o conceito de mobilidade ativa, de cidade para pedestres, não para automóveis. De início, foi a maior crítica que recebemos. Mas, hoje, os próprios comerciantes que criticavam perguntam por que não tiramos todas as faixas para carros e fazemos um calçadão”, contou Sabadin. 

A gestora contextualizou que, antes da obra, a paisagem construída da via estava degradada, os imóveis eram desvalorizados e as calçadas careciam de segurança e acessibilidade. O projeto custou cerca de R$ 60 milhões e envolveu pavimentação, drenagem e padronização de mobiliário urbano. Sabadin destacou que a maior parte do orçamento foi destinada à adaptação do sistema elétrico da via: o novo projeto conta com fiação subterrânea, com dez transformadores enterrados, que permitem expansão para as vias transversais. “Foi o primeiro embutimento de rede elétrica em via pública em Campo Grande. O dia mais emocionante para a equipe foi quando ligamos a rede elétrica”, compartilhou. Hoje, a via conta com acessibilidade, conexão wi-fi gratuita, câmaras de monitoramento e iluminação em LED. 

A obra da Rua 14 de Julho faz parte de um programa de planejamento do município, que recebe recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “O programa visa reverter o esvaziamento das áreas centrais e a perda do dinamismo econômico dessas regiões – questões importantes que diversas cidades médias estão sofrendo”, afirmou Sabadin, que traçou uma linha do tempo do projeto: o plano foi elaborado em 2010 e promulgado em 2011, com ampla participação popular. As tratativas com o BID foram iniciadas em 2014. “Mas é um processo muito complexo, requer anuência do governo federal, uma vez que configura dívida externa”, explicou. Entre 2015 e 2016, foram elaborados os projetos e feitas as negociações junto ao governo federal. O contrato foi assinado em maio de 2017 e, um ano depois, as obras se iniciaram. Inaugurada na última sexta-feira (29/11), a Rua 14 de Julho é a primeira entrega do programa, que prevê, entre outros produtos, um projeto piloto de habitação e a ampliação e melhoria do sistema de transporte coletivo, movimentando investimentos da ordem de R$ 400 milhões.

Cooperação Crea + Prefeitura

Anfitrião do encontro, o presidente do Crea-MS, eng. agr. Dirson Freitag, ressaltou a parceria que a prefeitura tem mantido com a categoria. “O prefeito está sempre presente nas ações do Conselho, se envolve nas questões relacionadas à Engenharia, Agronomia e Geociências, e conduz Campo Grande magistralmente”, afirmou, antes de destacar a grandiosidade da obra da Rua 14 de Julho. 

Após a apresentação das obras do município, os representantes do Conselho e da Prefeitura assinaram termo de cooperação cujo objetivo é ampliar os recursos técnico-profissionais e reduzir os custos operacionais para estabelecer o intercâmbio de informações cadastrais sobre obras em andamento e atuação profissional. “Hoje o Brasil precisa de técnicos, pessoas competentes, e não de indicações políticas. O Crea e a Prefeitura estão fazendo o que há de melhor na área pública”, defendeu o prefeito de Campo Grande.

Legislativo também marca presença

Além dos representantes do Poder Executivo municipal, também prestigiou a reunião do Colégio de Presidentes o deputado estadual Renato Câmara (PMDB/MS), engenheiro agrônomo e ex-prefeito do município sul-mato-grossense de Ivinhema. “Temos levado demandas do Crea à Assembleia Legislativa, fazendo defesa e debates necessários”, disse antes de agradecer a oportunidade de falar aos dirigentes dos Creas. “Você tem uma carreira brilhante pela frente, mas nunca se esqueça de que é engenheiro agrônomo e de que esta é a sua casa”, afirmou o coordenador do Colégio de Presidentes, eng. civ. Antônio Carlos de Aragão, que preside o Crea-PB.

A 6ª reunião do CP de 2019 é a última do ano e teve início nesta manhã. Os dirigentes do Sistema Confea/Crea e Mútua seguem reunidos até sexta-feira (6/12). Acompanhe a cobertura da reunião pelo site do Confea.
 

Beatriz Craveiro (Confea) e Janine Gonzalez (Crea-MS)
Fotos: Marcelo Alves