Água e energia: temas de conferência internacional atraem profissionais da área tecnológica de todo o país

Brasília, 27 de julho de 2016.

O interesse sobre o tema “Água e Energia: Novas Abordagens Sustentáveis” atraiu 474 inscritos para a conferência internacional que o Sistema Confea/Crea realiza de hoje (27) a sexta-feira (29), no Centro Internacional de Convenções de Brasília.

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Na manhã desta quarta-feira, com o apoio da Mútua - Caixa de Assistência, Caixa Econômica Federal (CEF), Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Unesco, Organização dos Estados Americanos (OEA), União Pan-americana de Associações de Engenheiros (Upadi), Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae), Federação Mundial de Organizações de Engenheiros (WFEO), Governo Federal, Agência Nacional de Águas (ANA), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e também da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), a conferência foi aberta com a presença de diversas autoridades, entre elas o ministro Gilberto Kassab, da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações, além de José Antônio Marcondes de Carvalho e de Manoel Renato, representantes do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério do Planejamento, respectivamente.

 

Gilberto Kassab: “sem uma matriz energética eficiente, não há desenvolvimento sustentável”

Kassab foi o primeiro a se dirigir a uma plateia formada por especialistas. Dizendo-se “satisfeito” como cidadão, colega de profissão – ele é engenheiro civil – e como ministro, reconheceu a importância dos temas a serem tratados, no momento em que vivemos uma grande crise no campo do abastecimento de energia e da oferta de saneamento. Para ele, “na conferência, vamos ensinar e absorver conhecimentos e teremos contribuições para avançar em projetos e políticas públicas”.

Ao falar da matriz energética, admitiu que as pesquisas, projetos e investimentos do país estão aquém do necessário. “Poderíamos investir mais em energia eólica e aproveitar o etanol em uma matriz energética mais efetiva”, afirma.

O ministro também lamentou a falta de um melhor planejamento com relação ao petróleo e a falta de aproveitamento da energia eólica, solar e da biomassa. “Hoje temos que triplicar os esforços para recuperar o tempo perdido e ter a energia necessária para garantir o fornecimento de energia para milhares de brasileiros”.

Ao finalizar, afirmou que “sem uma matriz energética eficiente não há desenvolvimento sustentável” e que os temas da conferência são importantes para o Brasil e para o Planeta e, por último, alertou para “que os debates também passem pelo campo econômico gerando modelos de parceria pública e privada e também de investimentos, visando aumentar a velocidade dos investimentos no setor de saneamento, que apresenta uma triste realidade”.

 

Secretário-Geral da CNBB defende união de ciência e tecnologia

O bispo Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, foi o segundo a se apresentar aos participantes da conferência.

Bem-humorado começou dizendo que não faria um sermão e lembrou São Tomás de Aquino, que deu à expressão “muito obrigado” o sentido de compromisso com uma obrigação: “Minha palavra é de gratidão pelo compromisso que assumimos em buscar maneiras sustentáveis de viver. Muito obrigado pelo momento de reflexão sobre questões da nossa casa comum, como disse o papa Francisco”.

Dom Leonardo defendeu a união da ciência e da tecnologia “como instrumentos que revelam a diversidade do nosso planeta e permitem viver melhor, cuidar melhor da nossa casa comum”.

“A CNBB se esforça há anos pela reflexão sobre a Terra”, disse o bispo, que destacou o tema da Campanha da Fraternidade de 2017, “Biomas e povos originários”.

 

Água gera conflito entre Palestina e mundo Árabe

Também bem-humorado, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, começou dizendo que ia seguir “o conselho de São Tomás de Aquino, agradecendo”.

Sou diplomata, somos negociadores e os engenheiros são a inteligência que cria soluções e oferece oportunidades. Soluções que poderão ajudar a resolver problemas que alcançam o Brasil, a América Latina, o mundo todo.  “Nós, diplomatas, confiamos que o trabalho de vocês ajudará a Palestina e mundo Árabe que não vivem um conflito religioso. O conflito que vivem tem a ver especialmente com a água”.

 

Energia: investimento em linhas de transmissão somam R$ 35 mi em 2016

Donizete Rufino, falando pela Aneel, reconheceu a “excelência da engenharia brasileira no setor elétrico”, e garantiu que a matriz energética nacional tem evoluído com uma maior participação da energia eólica, que segundo ele “é altamente competitiva no Brasil, da energia solar, que está deslanchando e em curto prazo terá maior destaque, assim como a biomassa, que ganha espaço importante”.  Para ele a dependência da geração hídrica às vezes provoca momentos de dificuldades, como a crise de 2013.

O representante da agência reconhece que há necessidade de investimentos nas linhas de transmissão, e afirmou que em 2016 foram investidos R$ 35 milhões no setor: “Temos hoje grande desafio que é o custo da energia. Nossa matriz é favorável, mas temos que usar todas as fontes que temos, por exemplo, o gás natural, importante porque facilita alocar o fornecimento mais perto dos centros de consumo”. Ao citar a questão tributária, defendeu que o consumidor gere sua própria energia visando à sustentabilidade.

 

Um evento que começou a ser pensado em 2015

Edemar Amorim, presidente da Febrae, disse que a entidade começou a pensar a conferência a partir da percepção de que água e energia são os principais problemas do planeta e não só de um país ou uma região: “a partir daí, começarmos a reunir entidades nacionais e internacionais para debater,  e o Confea se juntou a nós, assim como a FMOI,  que ajudou no convite a conferencistas”.

Para ele, “a conferência já é um sucesso pela presença de interessados e de palestrantes com renomada competência, que deixarão legado técnico que será a marca de qualidade do evento”.

 

Por um melhor aproveitamento da água

Tereza Zapata, presidente da Upadi, disse que os temas a serem tratados ajudarão a encontrar boas soluções para um melhor aproveitamento de água e energia: “Oxalá podemos todos ganhar mais conhecimentos para transferir por meio de nossas organizações”, disse agradecendo a participação da entidade.

 

Novos paradigmas

Jorge Spitalnik, presidente da WFEO, afirmou que ao debater sobre novas fontes de energia “surgirão novos paradigmas nas condições de elaboração de projetos viáveis tecnicamente, além de novos estudos científicos”.

 

“É preciso conectar soluções”

Cesar Parga, da OEA, desejou que “o esforço e a determinação da engenharia sejam uma força para a integração das Américas e do mundo. Ideias são oportunidades de mudar realidades”. Ele reconhece que “nossos engenheiros têm capacidade de resolver problemas em todos os níveis. Água e energia são problemas de hoje e de amanhã. É preciso conectar o setor profissional com o acadêmico, o econômico em busca de soluções globais. É preciso conectar as soluções”.

 

Ousadia e desafios marcam realização da conferência

José Tadeu da Silva, presidente do Confea, ressaltou a parceria entre o Conselho Federal, a Upadi, a FMOI e a Febrae, “que permitiu a ousadia de realizar a conferência”.

Veja o discurso na íntegra:

 

Para ele, o desafio só foi possível “por termos essas entidades que se unem para mostrar a importância do nosso conhecimento técnico-cientifico e a importância da engenharia. Uma união de pessoas que permite melhorar a qualidade de vida de todos os povos”.

Lembrando que em 25 anos, o principal problema do planeta será o acesso e o fornecimento de água, José Tadeu defendeu “a sustentabilidade como peça  fundamental para que todos sejam atendidos”.

O presidente do Confea disse que a água não pode ser razão para guerras. “É preciso encarar esse desafio. Cabe a nos profissionais, ligados à engenharia e à agronomia do Sistema, construirmos essa ponte para a paz. E essa construção começa agora com essa conferência”.

Sem se esquecer de agradecer à comissão organizadora, aos colaboradores e às parcerias, José Tadeu lembrou que o Sistema Confea/Crea reúne mais de 1 milhão de profissionais e 300 mil empresas, e integrará o planejamento e a organização do 8º Fórum Mundial da Água, em março de 2018.

 

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Maria Helena de Carvalho
Equipe de Comunicação do Confea