Brasília, 8 de outubro de 2014.
Associações e federações de todo o país congregam-se junto à Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), entidade integrante do Colégio de Entidades Nacionais do Sistema Confea/Crea e Mútua. Segundo seu atual presidente, Ângelo Petto Netto, a valorização profissional, a fiscalização efetiva para o exercício do profissional habilitado, o cumprimento do salário mínimo profissional, a congregação e a representação de engenheiros agrônomos e suas entidades locais estão entre seus objetivos.
A Confaeab foi criada em 1999 como Confederação das Federações de Engenheiros Agrônomos do Brasil, mas suas origens remontam à Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Faeab), de 1963, e à Sociedade Brasileira de Agronomia (SBA), esta de 1927 e de cujos esforços decorreria, em 12 de outubro de 1933, a regulamentação da profissão, por parte do presidente Vargas. Pouco depois, as demandas dos engenheiros agrônomos receberiam abrigo junto ao Sistema Confea/Crea com o decreto 23.569. A fiscalização profissional receberia seu impulso definitivo com a Lei nº 5.194/66.
Parceria e fiscalização profissional
Mais recentemente, a Confaeab se tornaria responsável pela realização bianual do Congresso Brasileiro de Agronomia – CBA, cuja XXIX será realizada em Foz do Iguaçu, em agosto de 2015. Em 2013, a Carta de Cuiabá apresentou um documento valioso em defesa da agricultura familiar; da atualização das grades curriculares; fortalecimento da extensão rural, do desenvolvimento sustentável e da segurança alimentar.
“Nossa expectativa é de contar novamente com o apoio desta gestão do Confea, que tem incentivado a modalidade, haja vista o amplo debate promovido por meio da 1ª Reunião dos Conselheiros Federais, Regionais e Profissionais da Agronomia, em evento paralelo ao Congresso”, diz Petto. Ele destaca ainda a criação de GTs específicos junto ao Conselho Federal, como o de Segurança Alimentar. “O Confea tem dado uma atenção muito significativa para a modalidade”.
Formação
“Uma formação eclética, sistêmica e holística”, define o coordenador da CCEAGRO, para quem foi acertada a decisão do plenário do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia que, recentemente, aprovou proposta da própria coordenadoria no sentido de alterar o nome do curso de Engenharia Agronômica para simplesmente Agronomia, sem alterar o título profissional que continuará sendo de Engenheiro Agrônomo.
Também professor, além de conselheiro do Crea/DF, Kleber confessa que sua preocupação maior é com o que chama de “pulverização” dos cursos de agronomia, em “prejuízo” da formação generalista. Ele dá um exemplo prático. “Quando um agricultor está com problemas, consulta um profissional, e é melhor que esse profissional seja, como é o clínico geral para a saúde humana, quem dá as orientações e indica, se for o caso, o especialista para ajudar a resolver os problemas, do contrário buscará diversos especialistas até acertar”.
Kleber afirma que os países mais desenvolvidos do planeta estão em processo contrário. “No mundo, o generalista é cada vez mais valorizado, enquanto, no Brasil, especialidades estão virando graduações em prejuízo da formação generalista. O especialista existe, mas não é a questão de se criar 500 profissões para resolver questões pontuais”, defende.
A atualização da grade curricular é uma demanda defendida pela Confaeab em parceria com a Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (Abeas). “Buscamos uma maior unidade da grade curricular nas escolas, uma fiscalização efetiva para a melhoria da qualidade da formação dos profissionais. Esse tema será objeto do encontro que o Confea terá com o Conselho Nacional de Educação, em dezembro”. Esta atuação será desempenhada pelo Conselho por meio da Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap).
“Em um país continental, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as resoluções do CNE permitiram às escolas uma flexibilização curricular, só que muitas delas trabalham com a carga horária mínima de 3.600h/a, o que gerou distorções de Norte a Sul. Muitos conteúdos não estão sendo ministrados. Nossa proposta é ampliar ao máximo, dentro das diretrizes curriculares, para que formações da engenharia e da zootecnia tenham uma formação ideal, independente da região do país”, complementa, informando que há 288 cursos de Agronomia em todo o país.
Ainda em relação ao ensino, o engenheiro agrônomo Ângelo Petto Neto sugere que as faculdades de Agronomia de todo o país promovam, ao longo desta semana, atividades que valorizem a profissão, a exemplo da tradicional programação desenvolvida pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP).
Direcionamentos e sombreamentos
Formado nessa instituição há 47 anos, Petto atuou como diretor da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo. Especializado na área de Tecnologia Rural – Álcool, Açúcar e Alimentos, atuou na fabricação de aguardente, industrialização de suco de laranja, comercialização de frutas cítricas, produção de soja, bovinocultura de corte, em São Paulo e no Paraná.
O presidente da Confaeab considera que, em São Paulo, alinda é possível constatar a presença de estudantes de Agronomia que ainda têm sua origem ligada ao campo. “Mas há uma predominância da área urbana, de pessoas que, independente da sua origem, se interessam pela área”. Em relação ao direcionamento dos novos engenheiros agrônomos, ele argumenta que há uma parcela importante ocupada na carreira de agronegócios nas capitais, trabalhando com “commodities”, nas áreas financeira e bancária. “A amplitude do nosso curso de graduação, um curso de ciências Exatas, Biológicas e Humanas, dá uma condição de trabalho ampla”.
Em relação a sombreamentos com outras profissões, o presidente da Confaeab sustenta que a atual gestão da entidade “não abrirá mão das atribuições que estão garantidas por lei aos engenheiros agrônomos. Estamos propensos ao diálogo, mas jamais admitiremos que tenhamos retiradas nossas atribuições, o que tem gerado ações como a que questiona o projeto de lei 2.824/08, do deputado federal Zequinha Marinho (PMDB/PA), que exclui a prática da zootecnia pelo médico veterinário e pelo engenheiro agrônomo. Queremos conviver com as demais profissões. O mercado vai ser fiel da balança, mas precisamos garantir a atuação de profissionais habilitados. No entanto, o que eles pretendem é uma reserva de mercado, o que é um absurdo”.
Formação rigorosa e mercado de trabalho aberto
Das centenas de universidades publicas e particulares existentes no país, a maioria oferece o curso, sendo que em ranking elaborado e publicado em http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/guia-de-profissoes/agronomia, surgem as 10 melhores.
O levantamento revela a opinião do mercado e a avaliação do ensino.
As 10 melhores pela avaliação do mercado
1º Universidade de São Paulo (USP)SP
2º Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)SP
2º Universidade Federal de Viçosa (UFV)MG
4º Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)SC
4º Universidade Federal do Paraná (UFPR) PR
4º Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) SP
4º Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) RS
4º Faculdade Gammon SP
4º Universidade Federal Fluminense (UFF) RJ
4º Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN)MS
As 10 melhores pela avaliação de ensino
1º Universidade Federal de Viçosa (UFV)MG
2º Universidade de São Paulo (USP) SP
3º Universidade Federal de Lavras (UFLA) MG
4º Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) RS
5º Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) SP
6º Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) RS
7º Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) RJ
8º Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) MG
9º Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) RS
10º Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) SC
Principais áreas de atuação
- Administração de propriedades rurais
- Defesa sanitária
- Desenvolvimento rural em órgãos públicos
- Padronização e classificação dos produtos agrícolas
- Promoção de rastreabilidade, certificação de alimentos, fibras e biocombustíveis
- Indústrias de alimentos e insumos agrícolas
- Empresas de gestão ambiental e agronegócio
- Controle de pragas e vetores em ambientes urbanos e rurais, no setor público ou privado
- Manejo de solos
- Fitotecnia técnica de cultivo e reprodução de vegetais
- Laboratórios de pesquisa científica e tecnológica
- Melhoramento vegetal e animal
- Consultoria
Número de faculdades 227
Vagas disponíveis por ano 17.270
Duração do curso 5 anos
Candidatos 72.311
Candidatos/vaga 4,18
Formandos por ano 6.781
Levantamento realizado pelo Guia das Profissões, - uma das fontes pesquisadas para a elaboração deste material, assim como o Guia do Estudante, além de estudos e pesquisas em sites governamentais e da iniciativa privada, oferece uma boa visão sobre o mercado de trabalho e perspectivas de crescimento na profissão.
Os estágios fazem parte da formação do profissional em Agronomia que acompanha em campo a prática das ciências agronômicas desde a preparação do solo até a colheita e nos laboratórios por meio de análises ou ainda em escritórios especializados em administração
No site www.confea.org.br é possível ter uma visão da quantidade de profissionais atuando e em que regiões do país.
Número de profissionais ativos cadastrados por modalidade. O total pode ser maior que o número total de profissionais, já que um mesmo profissional pode ter diversos títulos.
GRUPO MODALIDADE Qtde
AGRONOMIA AGRONOMIA 179.024
ENGENHARIA AGRIMENSURA 22.525
Região Modalidade Total
Centro Oeste AGRONOMIA 24487
Nordeste AGRONOMIA 35355
Norte AGRONOMIA 16991
Sudeste AGRONOMIA 51582
Sul AGRONOMIA 50609
Última atualização em 07/10/2014 05:09:07
Atualmente o Sistema Confea/Crea informa que 89.825 agrônomos atuam no Brasil com registro, embora o mercado de trabalho informe que são 85.740. O salário inicial é de R$ 4 mil, enquanto o intermediário soma R$ 8 mil. No auge da carreira – 18 anos depois de formado – o agrônomo encontra salários mensais acima de R$ 12 mil.
Para exercer a profissão é preciso ser graduado em Agronomia e estar registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), como determina a lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966 que regulamenta a profissão.
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