Palmas (TO), 17 de setembro de 2019.
Na segunda palestra magna da programação – Cenário Atual e Perspectivas da Construção para 2019-2022 – o eng. civ. José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2014, foi incisivo: “Temos de encarar com seriedade o problema da Engenharia no Brasil de hoje, pois os engenheiros podem tirar este país do buraco”.
Martins nasceu no Rio Grande do Sul e se graduou pela Universidade Federal do Paraná. É membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da Presidência da República e sua experiência o credencia a circular com tranquilidade entre as autoridades do setor, a ponto de ser convidado a participar de audiências públicas na Câmara e no Senado para debater, nos próximos dias, propostas de desenvolvimento para a Engenharia no país.
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Em sua apresentação, Martins apontou alguns problemas do setor cujas soluções, em sua opinião, “poderiam ser rapidamente agregadas pelo atual governo”. Com a capacitação de equipes técnicas para a execução de trabalhos que exigem certa sofisticação tecnológica seriam criados, de imediato, centenas de milhares de novos empregos na Engenharia e no entorno de suas profissões, com reflexos positivos no Produto Interno Bruto. “Além da execução desse trabalho, as decisões sobre como deve ser feito precisam passar pelos engenheiros”, sustenta o presidente da CBIC.
As principais propostas apresentadas pelo palestrante buscam atender a demandas de infraestrutura e energia; apoio às concessões municipais; saneamento, considerado “uma vergonha nacional”; novos programas de habitação de interesse social, pois segundo ele, “casa própria, simplesmente, não remete ao conceito de moradia, que é muito mais complexo”, estudando-se a possibilidade de utilização de terrenos públicos; e uma política voltada à definição de novas diretrizes nacionais de habitação.
“As equipes do programa Minha Casa Minha Vida, devidamente aparelhadas, podem atuar em outros projetos de cunho social”, exemplifica Martins, que ainda sugere a criação de novos mecanismos de funding para a habitação de mercado. “No Brasil, quem se beneficia da Taxa Referencial guarda os títulos até o final do processo de financiamento, e os pequenos investidores não conseguem participar dessa estratégia”. O presidente da CBIC lembra que “no Chile existem mais de 20 bancos que funcionam como agentes financeiros e no Brasil temos apenas cinco”.
Martins criticou o enorme número de obras paralisadas e sugeriu mais apoio às empresas, “para que participem mais ativamente das concessões e PPPs”, em contraposição ao modelo concentrador de hoje. Segundo ele, os desafios que o Brasil enfrenta na área da Engenharia são os mesmos dos outros setores de produção: a extrema necessidade da reforma tributária, do ajuste fiscal, do incentivo ao empreendedorismo e de uma segurança jurídica que garanta o cumprimento de contratos. “Precisamos ocupar o espaço que representamos, discutir mais a Engenharia e recolocá-la no lugar de destaque que merece. Para isso, os contratos devem ser negociados pelos engenheiros, e não por Suprimentos ou pelo Financeiro. Enfim, engenheiro é aquele que resolve problemas e não aquele que complica”, conclui o palestrante.
Reportagem: Guilherme Monteiro (Crea-SP)
Edição: Julianna Curado (Confea)
Revisão: Lidiane Barbosa (Confea)
Equipe de Comunicação da 76ª Soea
Fotos: Damasceno Fotografia e Marck Castro/Confea