Engenheiro propõe uso de drones no combate ao mosquito da dengue

Brasília, 1º de abril de 2024.

O Brasil somou mais de 2 milhões de casos de dengue somente nos três primeiros meses de 2024, segundo dados do Ministério da Saúde. Essa taxa é a maior desde o início da série histórica iniciada em 2000. Até então, os recordes tinham sido em 2015 com um total de 1.688.688 de casos prováveis e confirmados, e em 2023 com 1.658.816. A previsão é que o país registre 4,2 milhões de casos até o fim deste ano.

Para frear esta explosão de casos da doença, uma solução desenvolvida por profissional de engenharia chega de drone. A tecnologia proposta pelo engenheiro civil e ambiental Ricardo Machado consiste em um sistema modular de liberação e embalagem, integrado a drones, que efetua a soltura controlada de mosquitos Aedes aegypti em regiões demarcadas.

drone no combate a dengue

A solução permite soltar mosquitos machos e estéreis para se acasalar com fêmeas selvagens – que picam e transmitem vírus causadores de doenças e copulam uma vez na vida. Como as fêmeas consequentemente não produzirão descendentes, a população de insetos tende a diminuir ao longo do tempo até a sua erradicação, estimam especialistas.

“O lançamento por drones de mosquitos estéreis produzidos por meio dessa técnica é mais eficiente do que a realizada pelo método terrestre tradicional, em que os machos estéreis, armazenados em tambores, são soltos semanalmente em carros abertos”, afirma o engenheiro Machado, que é cofundador da Birdview, startup que desenvolveu a solução tecnológica em parceria com a Embrapa Instrumentação, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O engenheiro explica, ainda, que um drone pequeno tem capacidade de fazer a soltura de 17 mil insetos por voo, que tem duração de 10 minutos e cobre uma área de 100 mil m². Dessa forma, é possível lançar quase 300 mil insetos por dia. “Outra limitação da soltura de mosquitos estéreis pelo método terrestre é que fica restrita às vias públicas, não atingindo focos do inseto. Os drones permitem a liberação de forma homogênea”, compara. 

Segundo ele, o método de soltura aérea de Aedes aegypti estéril possibilita reduzir 90% da população e novos casos da doença entre três e quatro semanas. No caso da soltura terrestre, esses índices são atingidos entre três e quatro meses. “A soltura por drones é muito mais rápida, possibilita lançar maiores quantidades de insetos e de forma mais homogênea. Isso se reflete em mais locais tratados”, avalia.  

De acordo com Machado, os drones têm baixo custo e são de fácil operação. Além disso, foram projetados para realizar o lançamento dos insetos nas cidades de forma descentralizada, de acordo com as estratégias de vigilância adotadas pelos agentes de saúde locais.

Desenvolvimento de tecnologias
A empresa Birdview foi uma das participantes da 25ª edição do Programa de Treinamento em Empreendedorismo de Alta Tecnologia (PIPE Empreendedor). A startup atua no mercado há oito anos no ramo da agrícola e já realizou mais de 15 mil voos para liberação de biodefensivos em mais de um milhão de hectares. O projeto de liberação de mosquitos Aedes aegypti ainda está em fase experimental. A empresa busca fechar parcerias com criadores de insetos estéreis, que arcarão com os custos do serviço. Os valores para que a intervenção surta efeito estão sendo avaliados.

Edição: Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea, com informação da Fapesp e da Agência Brasil 
Foto: Birdview