Brasília, 27 de abril de 2006
Soja, dendê, côco, babaçu, girassol, canola, amendoim. Mais que alimentos, estes produtos são grandes apostas brasileiras para produção de biodiesel, que também conta com pesquisas que tomam o algodão e a manona como matéria-prima.
As formas alternativas de fabricação de energia renovável são algumas das maiores atrações da V Exposição de Tecnologia Agropecuária – Ciência Para a Vida, realizada pela Embrapa com o apoio do Confea.
A questão é tida como prioridade pelo governo, que aproveita a feira para divulgar o Plano Nacional de Agroenergia, inclusive com a presença do presidente Lula. O programa estabelece cinco grandes grupos de cadeias produtivas: florestas; biogás; biodiesel; etanol e resíduos. “Em cada uma dessas grandes áreas existem várias instituições e empresas que oferecem ou que demandam novas tecnologias, e o sucesso de um Programa Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no setor que depende da articulação dessas diversas entidades e empresas ofertantes e demandantes e cujas atividades estão dispersas”, explica Silvio Crestana, diretor- presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A expectativa da Embrapa é de que a feira, que ocorre em Brasília até o próximo domingo, receba em torno de 70 mil pessoas, entre profissionais da área, empresários, estudantes e comunidade em geral.
Curiosidades - Mais de uma centena de stands dão uma mostra das tecnologias mais representativas utilizadas em todas as regiões brasileiras. Difícil é dizer o expositor que mais chama a atenção. O stand da Região Sul apresenta a experiência com os bancos de germoplasma – coleções de plantas e sementes criadas para evitar a perda de recursos genéticos e conservar fontes de genes para uso atual e futuro. A novidade viabilizou, por exemplo, o cultivo de uma infinidade de espécies de abóboras orrnamentais, que alimentam e enfeitam a mesa ao mesmo tempo.
Do cerrado, bioma considerado de baixa produtividade até bem pouco tempo atrás, despontam os frutos nativos como o baru, o pequi, o jatobá, o buriti e suas diversas formas de aproveitamento: doces, geléias, licores, farinha. Mas os produtos típicos começam a dividir espaço com outros menos comuns. É o caso da pitaya, uma fruta ainda exótica para os olhos e o paladar nacional. Originária da Colômbia, a pitaya é hoje mais comum em Israel e países do Oriente Médio. Começou a ser produzida em solo nacional e, hoje, é encontrada em grandes mercados.
Produtividade - Os stands da Região Nordeste também esbanjam tecnologia e aproveitamento total dos insumos. Prova disso é o trabalho realizado pela Embrapa Semi-árido, que difunde a criação de ovinos e caprinos pela região. Hoje, o Nordeste responde por 83% do rebanho de cabras do país. E, falando em produtividade, o animal é mesmo polivalente: produz leite e seus diversos derivados, carne, e do couro se faz até chuteira de futebol.
A Região Norte também está representada na feira pela maioria dos seus estados: do Acre, a castanha-do-brasil e seus diversos produtos; do Amapá e Roraima, desponta o dendê, base para fabricação de dezenas de produtos, inclusive o biodiesel; de Rondônia, chama a atenção um dado conhecido por poucos: o estado é o quarto produtor brasileiro de café.
Sandro Farias
Da equipe da ACOM