Brasília, 31 de março de 2006
Representantes do Confea, entre eles seu presidente, Marcos Túlio de Melo, participaram ontem, na sede da CNI, em Brasília, do lançamento do programa Inova Engenharia que, promovido pela indústria, promete impulsionar o desenvolvimento tecnológico do país, reunindo 17 instituições do setor público, privado e acadêmico, para discutir e formular políticas e ações concretas para modernizar a educação da engenharia brasileira - atividade considerada essencial para o processo de inovação tecnológica da indústria nacional.
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria, eng. Armando Monteiro Neto, o programa "é um marco histórico porque deverá surgir um novo ambiente para a profissão do engenheiro e para a sua valorização no setor empresarial". Ele destacou que o baixo crescimento da economia nos últimos anos coincidiu com um período de crescente redução do peso de setores de maior conteúdo tecnológico.
O Sistema Indústria já deu início a algumas importantes ações neste cenário, como a criação, pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceira com a Financiadora de Estudos e projetos (Finep) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de Núcleos de Apoio e Promoção da Gestão da Inovação nas Empresas em quinze estados. No mesmo sentido, a Finep anunciou um edital para duas linhas de financiamentos, com o orçamento de R$ 20 milhões de reais cada. Um deles é para a criação de laboratórios para promover a interação entre a academia e empresas. E o outro vai aproximar escolas de engenharias e instituições do ensino médio.
O presidente da Finep, Odilon Marcuzzo, disse que "numa era do conhecimento, um dos fatores que indicam a infra-estrutura para desenvolvimento tecnológico de um país, é o número de engenheiros e cientistas por cada mil habitantes. A média do Brasil é de 0,4, enquanto em outros países desenvolvidos fica na ordem de 3 a 4".
Na avaliação do superintendente nacional do IEL, Carlos Cavalcante, é necessário também levar em conta a demanda do mercado de trabalho e do setor produtivo. "Nossa matriz educacional contempla áreas que historicamente não têm mostrado demandas de mão-de-obra em detrimento de outras, como a de engenharia. Além disso, podemos perceber dentro da própria área, que há excesso de ofertas em algumas vertentes", destacou. Ainda segundo ele, isso precisa ser modificado pelas escolas.
Aumento de produtividade - Hoje, segundo informações do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, há 18 mil engenheiros cursando pós-graduação no país, destes, 5 mil têm bolsas da Capes.
O vice-presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Paulo Bubach, chamou a atenção para a valorização da profissão do engenheiro, uma luta travada há anos pela entidade. "Esse programa é um alento para a classe dos engenheiros e também para a sociedade como um todo. Não só pelo aspecto da valorização do profissional, mas o aumento da competitividade da economia brasileira no mercado globalizado", acrescentou.
Segundo o estudo divulgado ontem, o desafio que o Brasil enfrenta é tanto quantitativo quanto qualitativo. Enquanto o país tem cerca de seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas, os EUA e o Japão têm cerca de 25. Enquanto o Brasil forma 20 mil novos engenheiros ao ano, a Coréia forma 80 mil. E isso está ligado intimamente com o crescimento da economia.
Qualitativamente, foi diagnosticado que é preciso aumentar a integração da educação em engenharias com o sistema produtivo, dar aos cursos e à pesquisa um foco mais centrado nas necessidades das empresas e no desenvolvimento tecnológico e econômico do país.
Uma das idéias do Inova Engenharia é modificar a dimensão do curso no Brasil. Hoje, um estudante de engenharia leva cinco anos para se formar. Na Europa, um exemplo bem sucedido, esse é o tempo que o estudante leva para fazer graduação e mestrado. Além disso, também se discute a inclusão nos cursos de atividades que possibilitem a aplicação prática do conhecimento adquirido.
Além da CNI, representada pelo IEL e pelo Senai, participam dessa mobilização os ministérios da Educação, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Finep, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), as secretarias da Educação Superior (SESU) e da Educação à Distância. Há ainda a participação da Agência Espacial Brasileira (AEB), a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A academia está representada pela Associação Brasileira de Educação em Engenharias (Abenge), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e os profissionais da área pelo Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea).
Maria Helena de Carvalho
Assessoria de Comunicação