Confea participa de GT no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações

Engenheiro Aeronáutico Maurício Pazini
Engenheiro Aeronáutico Maurício Pazini representará o Sistema na definição da Política Nacional do Espaço (Foto: Departamento de Comunicação e Eventos do Crea-SP)

 

Brasília, 5 de outubro de 2020.

O Confea estará representado na construção da nova Política Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais – PNDAE. Conforme aprovado por unanimidade pelo plenário, atendendo a uma proposta da Comissão de Articulação Institucional do Sistema - Cais, o engenheiro aeronáutico Brigadeiro Maurício Pazini Brandão integrará, como convidado, o Grupo de Trabalho Política Nacional do Espaço – PNE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, produzindo o documento que conduzirá as atividades espaciais do País pelos próximos anos. O GT será coordenado pelo engenheiro civil Cristiano Augusto Trein.

“A PNE proporcionará condições para que o País incorpore os avanços que o mercado, a economia e as tecnologias espaciais apresentaram nas últimas décadas, de forma que o resultado será uma política mais moderna e que promoverá o desenvolvimento industrial, científico e tecnológico nacional, com vistas a proporcionar benefícios diretos à sociedade”, informa a deliberação da Cais, coordenada pelo conselheiro federal eng. civ. João Carlos Pimenta e que teve o conselheiro federal eng. mec. Carlos Laet como responsável pelo encaminhamento da proposta.

“Diferente do Plano Nacional de Atividades Espaciais  - PNAE, renovado de dois em dois anos, a Política tem um ciclo maior, pois congrega todas as atividades espaciais: educação, pesquisa, indústria e aplicações. O carro-chefe é a Agência Espacial Brasileira - AEB, que tem dois pilares de execução: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, voltado para pesquisas e satélites, e outro que cuida mais de acesso ao espaço, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DCTA, também sediado em São José dos Campos. Este se preocupa, sobretudo, com o lançamento de sistemas, feito por meio de veículos de sondagens e de veículos de lançamentos de satélites, nos centros de lançamentos de Alcântara e da Barreira do Inferno”, diz Pazini, conselheiro do Crea-SP por dois mandatos, entre 2014 e 2019, tendo atuado em várias áreas, com destaque para a Comissão de Educação e Atribuição Profissional - Ceap.

Professor de sistemas aeroespaciais no Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, onde se formou e ingressou na carreira militar, Pazini informa que a Política será consolidada durante 90 dias, uma imersão que exigirá toda a sua expertise, não apenas enquanto professor de sistemas aeroespaciais, mas em outras demandas técnicas ou de aplicação e até mesmo de caráter político. “Acredito que minha experiência, inclusive como secretário de Tecnologias Aplicadas do Ministério, poderá contribuir para isso. O foco desse trabalho é em engenharia espacial e suas aplicações, o que, acredito, demande experiência e capacidade de gestão no setor”, considera.

Sistema: atuação como órgão consultivo do governo federal
“Vamos atuar junto ao governo federal na PNE, como temos feito com outros ministérios, trabalhando em consonância com as pautas do governo federal. Somos um grande fórum consultivo da pauta do governo, que agrega do agronegócio à política espacial. Estamos mostrando o nosso valor, colocando-nos à disposição desde a origem dos grandes projetos nacionais”, diz a gerente de Relacionamentos Institucionais do Confea, eng. eletric. Fabyola Resende.

 

Gerente Fabyola Resende
Gerente de Relacionamentos Institucionais do Confea, eng. eletric. Fabyola Resende ressalta a importância de manter a representação técnica do Sistema junto ao governo federal

“Temos feito isso com os ministérios, principalmente, e com outros órgãos”, diz, chamando a atenção para a otimização de recursos da proposta de construção da PNE, já que as reuniões serão conduzidas por videoconferência. “Outra questão é que temos procurado por currículos técnicos, para indicar os representantes do Sistema. E agradecemos ao belo trabalho das coordenadorias por isso”, acrescenta a gerente.

Responsável pela indicação de Maurício Pazini Brandão para integrar o grupo, o coordenador da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Engenharia Industrial, eng. prod. met. e eng. de seg. trab. Sérgio Ricardo Lourenço felicitou a receptividade do plenário do Confea. “Foi ótimo, o engenheiro Pazini tem uma participação ativa no Sistema, foi conselheiro no Crea-SP por vários mandatos. Um nome extremamente adequado, acredito que por isso a sua indicação foi tratada no plenário com elogios”.

Colega de câmara do engenheiro aeronáutico no Crea-SP, Sérgio comenta ainda que Pazini é um especialista de alto gabarito, conhecedor do Sistema e da área técnica. “Por todas essas qualidades, ele pode ter mais condições para esclarecer as demandas, para a tomada de decisão de forma mais assertiva. Em uma época em que se fala tanto de ciência, é indicado que um cientista que tem total experiência na área específica atue na ciência. Pazini conhece o Sistema, a academia e o Ministério de Ciência e Tecnologia e vai transitar em todos esses meios”, discorre.

A PNDAE é o limite
O convite para ajudar a construir a Política Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais - PNDAE fará com que Pazini reencontre alguns colegas com quem vinha trabalhando há pouco tempo. Em 2019, o engenheiro aeronáutico foi convidado para integrar o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, atual MCTI, como Secretário de Tecnologias Aplicadas e, depois, como Diretor Regional Sul-Sudeste. Mas o convite também terá, segundo ele, “um significado especial”. É que, embora esse engenheiro aeronáutico tenha sempre buscado superar os limites da sua área de atuação, a PNDAE representa o ponto alto de sua contribuição para a Engenharia e o País. 

Coordenador da CCEEI, Sérgio Lourenço
Coordenador da CCEEI, Sérgio Lourenço (à direita) saúda a indicação do colega de câmara no Crea-SP

“Tem realmente um significado especial porque, enquanto eu estava no Sistema, em 2019, eu era o único engenheiro aeronáutico. E dessa forma é uma espécie de coroamento de carreira porque você tem uma demanda extremamente importante em nível nacional. É um reconhecimento, sem dúvida nenhuma”, diz. “Acho que foi justamente a parte técnica que mais pesou nesta decisão porque vários conselheiros sabem da minha atuação e quando essa demanda apareceu, meu nome foi o primeiro a ser lembrado. A gente tem que se sentir bastante satisfeito”, completa.

Portanto, a indicação do Sistema Confea/Crea faz justiça aos 42 anos de experiência desse profissional, um conhecimento sempre voltado para a área aeroespacial, sendo um dos criadores do curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA, em 2010. Ali, atuou com gestão estratégica, educação, defesa nacional, além de projetos de aeronaves, dinâmica estrutural, aerodinâmica, aeroacústica, aeroeslaticidade, galgando ainda sucesso em sua carreira militar.

Com satisfação, Pazini vislumbra, agora, que sua participação nesse GT “tem o objetivo de gerar um documento extremamente importante, documento de caráter permanente para definir as grandes estratégias do setor espacial, formulado pela Agência Espacial Brasileira, uma atualização em um documento que já existe. A comunidade técnico-científica é consultada por ela”.
 

Espaço e Brasil
O Brasil já tem uma capacidade forte instalada nas áreas de aplicações e infraestrutura espacial, define o engenheiro. “Mas não temos ainda soberania na capacidade de acesso ao espaço. Temos satélites, fazemos satélites. A indústria brasileira participa em nível cada vez maior em colaboração com a China, por exemplo, porém, em termos de capacidade de acesso ao espaço, seria interessante atingir o resultado de satelização própria com veículos de lançamento brasileiros. Temos o Veículo Lançador de Micro Satélites – VLM – que está em estágio avançado e que poderá, em havendo provisão de recursos financeiros, fazer tentativas de satelitização em dois ou três anos. Na minha visão, já temos uma capacidade científica e de pesquisa avançada em várias aplicações de satélites e temos capacidade de participar de projetos e da integração de satélites bastante sofisticados”. Para ele, a participação da indústria brasileira na área está cada vez maior. “Está faltando ainda a capacidade de acesso ao espaço por meios próprios”, enfatiza.

Segundo ele, a importância do ITA para este processo supera seu papel junto à estrutura militar brasileira. “Comecei a carreira como Primeiro Tenente e cheguei a Brigadeiro. O ITA é uma organização ‘sui generis’, que forma civis e militares nos mesmos padrões. Há uma década, a gente criou o curso de engenharia aeroespacial. E inauguramos o Centro Espacial do ITA, um ambiente onde os alunos, professores e pesquisadores participam até na colocação de microssatélites em órbita, o que é uma atividade em expansão”, descreve.

Engenheiro Maurício Pazini fala dos avanços e desafios da engenharia espacial brasileira
Os avanços e desafios da engenharia espacial brasileira são citados pelo engenheiro Maurício Pazini (Foto: Departamento de Comunicação e Eventos do Crea-SP)

Ainda em relação ao ITA, Maurício Pazini considera seus alunos de Engenharia Aeroespacial essencialmente engenheiros aeronáuticos. “Eles entram na área de foguetes e satélites com ênfase em sistemas embarcados, propulsão aeroespacial, incluindo combustível líquido, e também na área de controle desses sistemas, que é algo bastante sofisticado do ponto de vista de engenharia. No DCTA, lidam com veículos de sondagens suborbital e veículos lançadores de satélite”, explica, apontando que o trabalho do engenheiro aeroespacial depende da integração com diversas outras engenharias. Isto tudo é praticado no Centro Espacial do ITA – CEI – inaugurado em 2019 e recentemente visitado pelo ministro Marcos Pontes.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea