Workshop discutirá abalos sísmicos que afetaram Maceió em maio de 2018

Na quarta e na quinta-feira desta semana (4 e 5 de setembro), a capital alagoana receberá o workshop “Causas, efeitos e soluções para os fenômenos geológicos em Maceió”, realizado pelo Confea – por meio de seu Grupo de Trabalho Abalos Sísmicos em Maceió -, em parceria com o Crea-AL. A programação contempla, entre outros itens, a atualização dos levantamentos da empresa mineradora que opera na região – Braskem – e mesa redonda com especialistas, para debater possíveis soluções e planos de remediação.

Coordenador do GT Abalos Sísmicos em Maceió do Confea, o conselheiro federal geol. Waldir Costa destaca que, durante o workshop, será apresentado o mapa de danos atualizado pelas Defesas Civis municipal e nacional. “Nossa perspectiva é que o mapeamento explique com detalhe o que é apenas efeito ocorrido e o que é, de fato, risco, em cada área”, disse.

Natural de Maceió, o coordenador-adjunto do grupo, conselheiro federal eng. prod. mec. Zerisson de Oliveira Neto, destaca da programação a apresentação da Braskem, que trará dados atualizados. "Tanto a criação do GT quanto a realização do workshop são movimentações boas, pois mostra que o Confea não está parado diante de uma situação que tem comovido a cidade", opinou.

Já o presidente do Crea alagoano, eng. civ. Fernando Dacal, ressaltou o caráter técnico do workshop. "É importante reunirmos profissionais da geotecnia para discutirmos soluções. Passou-se muito tempo procurando culpados, e o que queremos agora é propor soluções de recuperação", afirmou, ao destacar que a mineração tem relevante impacto na economia do estado, e que, desde os abalos sísmicos, Alagoas tem enfrentado sérios problemas socioeconômicos. "Temos que tranquilizar a população e recuperar os bairros afetados".

Confira a programação:

A proposta do workshop, que tramitou pelas instâncias do Confea até ser aprovado pelo Plenário, surgiu no âmbito do GT e recebeu apoio do presidente do Conselho Federal, eng. civ. Joel Krüger. “O Sistema Confea/Crea e Mútua tem obrigação e responsabilidade de garantir a segurança da sociedade, por isso o Conselho Federal e o Crea-AL têm dado suporte para solucionar a questão”, afirmou.

A primeira reunião do Grupo de Trabalho foi realizada in loco, em junho desse ano, quando os integrantes do grupo ouviram representantes do Serviço Geológico Brasileiro – CPRM (geólogo Thales Sampaio e equipe), da Universidade Federal de Alagoas (geóloga Rochana Lima), da Defesa Civil Municipal (Dinário Lemos), do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Meteorologista Humberto Barbosa), do Instituto de Meio Ambiente de Alagoas (Jean Paul) e da Braskem (Engenheira Química Isabel Kenny) – empresa responsável pela mineração de sal-gema na região.

Confea cobra autoridades

Além da realização do Workshop, os trabalhos do GT Abalos Sísmicos em Maceió resultaram em dois ofícios que o presidente do Confea enviou à Agência Nacional de Mineração (ANM) e à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh/AL). À ANM, o presidente solicita, entre outros atendimentos, acesso ao processo que contém as Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) dos profissionais responsáveis pelos trabalhos nos poços de extração da Braskem e os planos de Aproveitamento Econômico, de Lavra de cada mina e de Fechamento de cada mina. À Secretaria, o ofício solicita informações quanto às outorgas e fiscalização dos poços da empresa.

Entenda o caso

Após fortes chuvas, em fevereiro de 2018, um imóvel do bairro de Pinheiro, em Maceió, teve de ser evacuado por apresentar uma rachadura de 280 metros de extensão. Na ocasião, três quarteirões do bairro foram afetados. Em março seguinte, um tremor de magnitude 2,5 na escala Richter atingiu a região. Em junho, novas rachaduras e uma cratera surgiram e, desde então, os danos em ruas e imóveis vêm aumentando. No início de 2019, o piso de um apartamento afundou de repente e novos buracos foram surgindo nas proximidades. Em fevereiro, a Defesa Civil Municipal decretou a evacuação de um prédio e os moradores do Pinheiro foram treinados para atuarem em caso de desastre. Rachaduras e fissuras também passaram a atingir outros bairros e, em maio, a Defesa Civil Estadual informou que a área de risco havia aumentado.

Beatriz Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea