“A engenharia tem que ser um instrumento de integração”, diz Joel Krüger

Presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger: aprimoramentos no Termo de Reciprocidade são oportunidades para os engenheiros brasileiros e portugueses

Curitiba (PR), 1° de outubro de 2019.

 
O agradecimento pessoal de quatro engenheiros brasileiros em Portugal inspirou o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, a exaltar a necessidade de aprimorar as conquistas do Termo de Reciprocidade Profissional firmado com a Ordem dos Engenheiros de Portugal em 2015, objetivo anunciado na noite desta segunda (30), em Curitiba, na abertura da Cimeira Bilateral Confea-Ordem dos Engenheiros de Portugal – OEP.

A compreensão mais profunda da importância da iniciativa, em vigor desde 2016, se deu durante a Cúpula Mundial de Engenheiros Civis, promovida de 24 a 28 de setembro, em Lisboa, pela Federação Mundial de Organizações de Engenharia (FMOI), a OEP e outras entidades europeias de engenharia. E foi compartilhada com conselheiros federais, presidentes de Creas e outras lideranças do Sistema Confea/Crea, no auditório do Instituto de Engenharia do Paraná – IEP, que continua a receber o evento nesta terça-feira.

“Em Portugal, engenheiros civis de 36 países estavam reunidos, e quatro brasileiros estavam ali me esperando para agradecer a oportunidade de eles estarem trabalhando com engenharia em Portugal. Já há 3500 brasileiros trabalhando em Portugal e 300 portugueses no Brasil. Nós temos a oportunidade de, além de abrir fronteiras, poder ser também a oportunidade da vida de cada um desses profissionais. Foi um momento muito gratificante. Temos toda a condição de avançarmos conjuntamente. Nosso parceiro internacional é a OEP. Queremos fazer eventos não só de reciprocidade, mas de tecnologia, o que é fundamental. O conhecimento, a Engenharia, não tem fronteiras e tem que ser um instrumento de integração”.

Bastonário Carlos Mineiro Aires: compreensão comum ao Confea em relação à necessidade de aperfeiçoar o Termo de Reciprocidade Profissional

Mesmo antes de o presidente do Confea expressar a sua visão sobre o atual momento da parceria, o Bastonário da OEP, Carlos Mineiro Aires, compartilhava uma impressão semelhante. “O Confea e a OEP conseguiram fazer o que governos nunca conseguiram. Foi a vontade das duas seções profissionais que permitiu fazer um protocolo de reciprocidade de que nos orgulhamos muito. Um acordo em que se havia o receio de que os portugueses viessem em massa, mas não foi assim, há emprego em Portugal hoje. Efetivamente, temos um canal livre de reciprocidade profissional, respeitando as regras de cada um, mas nos sentindo muito mais unidos”, comentou em sua saudação aos participantes da Cimeira.

Presidente do IEP, Horácio Guimarães: boas-vindas da quase centenária entidade precursora paranaense

Boas-vindas
Coube ao engenheiro civil Horácio Guimarães, presidente do IEP, as boas-vindas oficiais ao encontro. Dividindo a mesa de abertura ainda com o coordenador do Colégio de Entidades Nacionais – CDEN, eng. agric. Valmor Pietschi; com o presidente do Crea-PR, eng. civ. Ricardo Rocha; com a presidente do Crea-DF, Fátima Có, representando o Colégio de Presidentes; com o vice-presidente da OEP, Fernando Santos; com o coordenador da Comissão de Articulação Institucional do Sistema – Cais, eng. agr. João Bosco Andrade; Horácio se mostrou orgulhoso em receber o evento, ratificando uma parceria com o Crea-PR e o Confea. “Engenharia é sinônimo de desenvolvimento, indispensável para a melhoria da infraestrutura e a resolução de problemas de caracteres econômico e social. A abrangência da engenharia é fundamental para a sociedade do século XXI”, afirmou.

Presidente anfitrião da Cimeira e da reunião do Colégio de Presidentes, Ricardo Rocha agradece e saúda a participação das lideranças em Curitiba

A uma plateia onde estiveram presentes ainda os conselheiros federais Inarê Poeta, Carlos Laet, Jorge Bittencourt, Osmar Barros Jr., Ricardo Araújo, Ronald Monte, Waldir Duarte, Zerisson de Oliveira Neto e Luiz Lucchesi e ainda a coordenadora nacional das câmaras especializadas de Engenharia de Segurança do Trabalho, Luciana Macedo, e dois ex-presidentes do IEP, Cassio Bittencourt Macedo e Jaime Sunye Neto; o ex-presidente do Crea-PR e atual chefe de gabinete do Confea, Luiz Antonio Rossafa, além dos presidentes dos Creas-BA, Luís Edmundo Campos, e do Rio Grande do Sul, Alice Scholl; o presidente anfitrião, Ricardo Rocha, saudou a história quase centenária do Instituto (criado em 1926) e a abertura do espaço, afirmando que esta será “uma semana de muito trabalho que será concluída com o Colégio de Presidentes, em Foz do Iguaçu, a partir de quarta-feira” ; agradecendo ainda a participação das entidades de classe e considerando que “a diretriz da reciprocidade com Portugal tem sido um exemplo para as experiências com outros países. Queremos que ela avance muito mais”.
 

Parceria pode ser exemplo para outras experiências de reciprocidade, na visão da presidente do Crea-DF, Fátima Có

Aprimoramento
Saudada pelo presidente do Confea como uma das responsáveis pelo Termo de Reciprocidade, quando de sua gestão à frente da Gerência de Relacionamentos Institucionais, a presidente Fátima Có (Crea-DF), representando o Colégio de Presidentes, apontou que “o Termo de Reciprocidade pode ser exemplo para fazermos outras iniciativas similares. Isso tem sido bom para os nossos profissionais. A gente busca essa integração. O Colégio de Presidentes está à disposição para melhorarmos cada vez mais”.

Novas propostas de inserção internacional de profissionais devem ser analisadas pelo Confea, na visão do conselheiro João Bosco Andrade

O aprimoramento da inserção internacional do Sistema Confea/Crea também foi destacado pelo coordenador da Comissão de Articulação Institucional do Sistema (Cais), eng. agr. João Bosco Andrade. “A Cais vê a inserção internacional como uma iniciativa muito importante, que tem sido enfatizada pelo plenário e pela presidência do Confea. Vivemos em um mundo globalizado. Temos trazido importantes contribuições da área tecnológica. A reciprocidade faz com que se facilite essa movimentação entre os profissionais brasileiros e portugueses, fazendo com que o saber seja compartilhado. Devemos dar continuidade a esse trabalho e temos já outros projetos de inserção internacional em andamento”.

Lusofonia e integração
Após reverenciar a união entre os profissionais regulamentados brasileiros e portugueses, o Bastonário Carlos Mineiro Aires, antecipando um dos temas da reunião desta Cimeira, lembrou a integração com entidades de outros países de língua portuguesa. “Estamos mantendo a chama da lusofonia acesa. Debatemos problemas comuns. Temos países que falam a mesma língua, mas em estados de desenvolvimento diferentes, e podemos nos ajudar. Temos também a comunidade de Língua Portuguesa e Castelhana, mais abrangente”.

"Foi um erro perdermos tanto tempo", considerou o Bastonário Carlos Mineiro Aires sobre o Termo de Reciprocidade Profissional

A integração entre Portugal e Brasil se mostrou ainda mais evidenciada por Mineiro e por Joel Krüger. “Hoje, Portugal não dá um passo internacional sem consultar o Brasil, e vice-versa.  Podemos ainda compartilhar muito mais. Temos um futuro de desafios e incertezas, em que precisaremos estar ainda mais unidos.  Semana passada tivemos o Summit, e temos muitos desafios pela frente. Foi um erro perder tanto tempo, mas temos como recuperar isso de maneira muito eficiente”, disse a liderança da engenharia portuguesa, agradecendo a união das duas associações profissionais.
 
Joel assegurou que, na Cúpula Mundial de Engenharia Civil, em Lisboa, as palavras de ordem foram mobilidade e formação. “Precisamos saber como se faz esse atestado de qualidade. A forma mais serena é esse termo de reciprocidade, que está assentado no princípio da confiança recíproca. O importante é que a OEP confia plenamente no que o Confea e os Creas atestam em termos de atribuição profissional. E vice-versa. Respeitamos plenamente as atribuições asseguradas pelo Bastonário. E amanhã vamos discutir detalhes, aprimoramentos”.

Presidente Joel anunciou a reformulação da Gerência de Relacionamentos Institucionais do Confea com criação de área de inserção internacional

Estrutura e consolidação
A atualização da estrutura da Gerência de Relacionamentos Institucionais do Confea confirmará o interesse do Confea em incrementar a atuação internacional do Sistema, segundo Joel Krüger. Lembrando a importância da área por onde tramita a documentação a ser assinada por ele, o presidente do Confea destacou outros pontos da estrutura organizacional que conduz os processos de reciprocidade.

“Toda a nossa relação internacional passa pela GRI. E desenvolvemos agora um Plano Estratégico de Inserção Internacional que será um Norte para o Sistema, envolvendo também os países sul-americanos. Estamos preparando uma reformulação da estrutura do Confea, onde haverá um setor específico de relacionamento internacional na GRI. A Cais também analisa todas as atividades de relacionamento internacional, assim como também fundamental é a Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap)”, disse.

Entre conselheiros federais, lideranças da engenharia brasileira e portuguesa: ponto alto da Cimeira Bilateral será em Foz do Iguaçu, onde as lideranças se encontrarão com os presidentes de Crea

Joel afirmou ainda que o “ponto alto” da Cimeira se dará durante o encontro das lideranças portuguesas com os 27 presidentes de Creas que se reunirão a partir de quarta-feira (2), em Foz do Iguaçu. “Lá, vamos entender o que pode ser melhorado. Estamos construindo e consolidando essa amizade, essa união da lusofonia, tendo o Confea e a OEP à frente, seja com os profissionais de língua portuguesa, com a Faelp, ou na Upadi, com a integração americana das entidades, ou na Fmoi, Associação Mundial de Associações de Engenharia”, disse, declarando desde já seu apoio ao candidato português José Vieira após o mandato do atual presidente eleito, o chinês Gong Ke.

Para Joel, a Cimeira é cheia de “simbolismos necessários”. Assim como a reunião do ano passado, em Salvador, a escolha de Curitiba se deu para “aproximar os engenheiros de Portugal do Colégio de Presidentes e para que eles conheçam a realidade continental do nosso país. O termo de reciprocidade ocorre nos estados, com os Creas, e não no Confea. Precisamos estar onde os nossos profissionais estão sendo atendidos”.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea

Fotos: Jackson Mendes/Confea